terça-feira, 7 de junho de 2011

Sobrado Dr. José Lourenço.

Foto: Gil Sousa
          

          Localizado na Rua Major Facundo, antiga Rua da Palma no centro de Fortaleza, está uma das mais belas construções do período colonial, o Sobrado do Dr. José Lourenço.
          Construído por volta da segunda metade do século XIX, provavelmente entre os anos de1845 a 1854, o casarão hoje em meio aos edifícios e ao concreto fascina a todos com sua beleza arquitetônica. Suas paredes sólidas com tijolos artesanais, com pedra e cal não se abalaram com o passar do tempo. Porém, a estrutura ficou desgastada e frágil devido à falta de cuidados e manutenção.


          Dr. José Lourenço era um médico, um homem público que resolve construir sua residência num local onde era mais conhecido e movimentado, nas primeiras vias públicas de Fortaleza. Depois de construído o casarão chamou a atenção de todos dos arredores, pois possuía três andares, que naquela época só eram comuns em Recife. Além disso, a casa era rica em detalhes, como objetos nas formas flores na parte superior da fachada, os azulejos nos estilo mosaico, portas e janelas personalizadas. Mas o curioso e interessante estava no topo do casarão. Por existir ainda fragmentos de mármore, dizem que se tratava de uma escultura mitológica, mais ate hoje não se confirmou a hipótese.
Foto: Gil Sousa

          Com o passar do tempo o sobrado perdeu todo o seu encanto. Por está abandonado, os anos corroeram sua beleza destruindo aos poucos a suas formas.
Antes de tudo isso acontecer, além de residência e consultório do proprietário Dr. José Lourenço, o casarão foi um tribunal de relação, uma marcenaria, uma fábrica de sombrinhas e um bordel.


Foto: Gil Sousa
          No ano de 2006 o sobrado voltou a encantar a todos com o seu charme. Com iniciativa do Governo do Estado, com apoio da chancela do Instituto Oi Futuro, o casarão retoma sua forma original adaptada para museu. Segundo os administradores do museu, o sobrado foi todo restaurado e reconstruído, mas permanece com traços arquitetônicos originais. Os azulejos, a pintura, as tábuas corridas foram refeitos com a mesma delicadeza dos verdadeiros, a fachada recebeu cuidados especiais para continuar atraindo olhares. Hoje um  casarão tombado.


 
          Deslumbrante por fora e maravilhoso por dentro, é de arrepiar, é como viajar de volta ao passado. O piso, a escada de madeira, os detalhes em formato de flores, as portas e janelas grandes, ressaltam a perfeição e o cuidado que tiveram em preservar a estrutura do casarão.

          O Sr. Faber, subtenente que trabalha atualmente no museu, este que recebeu o nome do proprietário do sobrado em sua homenagem, conta que “as velhas prostitutas e os clientes do antigo bordel que funcionava nesse local ainda hoje passam para visitar e relembrar as histórias do passado”. O mesmo ainda relata que “ocorria vários abortos das próprias prostitutas”. Além disso, que ”funcionários que trabalham na vigilância noturna dizem ouvir pisadas e porta batendo. Acreditam que a alma do Dr. José Lourenço ronda pelo casarão”, diz o subtenente sorrindo e afirmando que são apenas histórias. 
          É uma grande viagem entrar no casarão, conhecer as histórias, mergulhar no passado, viver experiências!

Casa do Português

Repórter: Any Lima

Um casarão construído no ano de 1950, localizado na Av. João Pessoa, avenida esta que com o passar do tempo ficou conhecida como “avenida da morte” devido ao grande número de acidentes registrados na via de mão dupla, é sem dúvida um dos mais belos casarões da cidade. Não somente pela sua infra-estrutura gigantesca, é claro que ela também conta bastante, mas também pelo sentimento que nos remete a riqueza, a classe dos nobres, dos privilegiados. É quase impossível olhá-lo sem ter uma imagem de que a família que primeiramente ali um dia habitou, era uma família com grande poder econômico, ou seja, era uma família da alta sociedade.

Foto: Any Lima
A casa – intitulada na placa ao lado da entrada principal de Vila Santo Antônio - pertencia a José Maria Cardoso, um rico comerciante português, dono de madeireira fornecedora de lenha para a Light e para os trens da RVC (Rede de Viação Cearense). O nome vila de Santo Antônio surgiu devido à grande devoção que José Maria Cardoso tinha pelo Padroeiro dos pobres.
Por mais que a família de Cardoso crescesse, jamais todos os espaços do casarão foram ocupados e isso entristecia o proprietário. Cardoso ficou mais desesperado ainda com o suicídio de seu filho, que saltou do alto da casa que o velho português construíra. Para o velho, o sonho acabou.
Ainda na convivência do português e sua família, o terceiro e último andar acabou sendo alugado para outro empresário luso, Paulo de Tarso, que instalou ali uma Boate Portuguesa. Mas segundo Augusta Leide(dona de uma banca de revista em frente a casa) e José Ivan Fernandes(morador que reside há nove anos no casarão, responsável pela administração do mesmo) a boate era somente de fachada, pois Paulo de Tarso nada mais e nada menos, instalou um verdadeiro bordel. Jose Ivan, para provar a veracidade de sua informação, nos mostra os vários quartos do terceiro andar, todos eles numerados. Ele explica que a numeração dos quartos servia para a organização do ambiente.
Logo depois o fechamento da boate em 1965, a casa abrigou a sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) até 1984, e logo depois: uma oficina, um estacionamento e um cortiço.
O edifício foi tombado como patrimônio histórico municipal pela Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (Funcet) e está protegido de reforma que o desfigure. Ele é referencial identitário da nossa sensibilidade urbana, possui uma arquitetura especial e única e já foi cartão postal de Fortaleza em décadas passadas. Em 2005, os arquitetos Napoleão Ferreira e Mário Roque tiveram a idéia de transformar a casa em Centro Cultural. A proposta era a de um centro que integrasse a cidade e o estado com a cultura portuguesa. 

Foto: Any Lima

Mas, voltando ao detalhe que casarão também se transformou em um cortiço, isso é realmente algo notável. Ao visitar a sua parte interna, eu não pude deixar de lembrar-me do romance O Cortiço de autoria do escritor brasileiro Aluísio Azevedo. Não pelas histórias das pessoas que ali vivem, pois esses detalhes são bem diferentes da descrição do estilo de vida dos personagens do romance. A semelhança que pude perceber, foi os traços do ambiente. Os detalhes das “casas” que ali foram formadas. As roupas estendidas no varal, as crianças brincando, o entra e sai das famílias que ali residem(que somam um total de 11 famílias).
Mas, diferente do romance, o clima na casa é bem hospitaleiro. As pessoas que ali residem são pessoas que possuem empregos fixos. Segundo Ângela Maria, moradora há dois anos, todas as pessoas que ali vivem embora não possuam nenhum grau de parentesco, são consideradas familiares dela, pois existe um bom relacionamento entre todos.
As divisões das casas dentro do casarão foram feitas por pedaços de madeiras e alguns papelões. Segundo José Ivan, a pedido dos atuais donos do imóvel, não foram usados tijolos para fazer a divisão entre uma casa e outra, pois apesar das ruínas, a sua estrutura deve ser preservada. Somente o primeiro e o segundo andar são habitados por famílias, o terceiro andar está praticamente isolado, e é importante ressaltar que o mesmo possui um mal cheiro horrível. Ele nos relata também que não moram ali totalmente de graça, todas as famílias são responsáveis pelo pagamento de água e de luz da casa. E que os atuais donos sempre estão visitando o local e que eles sempre pedem para ele que não permita que outras famílias habitem a casa. Para eles as famílias que ali residem já é o suficiente.
Josivânia, filha do seu José Ivan, que reside no casarão desde que nasceu, nos fala que ano passado, a varanda do segundo andar era usada para as realizações das reuniões da igreja Assembléia de Deus e assim funcionou durante um ano.

Foto: Any Lima

Apesar da imagem de abandono e pobreza do local, os moradores fazem que o mesmo seja realmente um lar feliz. Ao entrar pensei que encontraria um lugar de clima tenso, mas me deparei com a satisfação de pessoas que conseguem ver o lado bom da vida. Pessoas que tentam fazer o que o idealizador da casa não conseguiu, que seria ocupar todos os espaços. São pessoas bem gratas  ao lar que possuem hoje.
Não é a toa que Santo Antônio é conhecido como padroeiro dos pobres. O português, José Maria Cardoso, escolheu bem o nome do seu casarão!



Vila Santo Antônio de José Maria Cardoso - “CASA DO PORTUGUÊS”

Repórter: Larissa Araújo

     Com aparência antiga e degradada a chamada Casa do Português tem por nome verdadeiro Vila Santo Antônio de José Maria Cardoso, um comerciante português que possuía uma vasta riqueza. O casarão foi construído no ano de 1950 e ainda hoje serve como ponto de referência para quem mora pelas redondezas ou passa diariamente por perto. José Maria Cardoso tinha uma grande família e por mais que os membros fossem se multiplicando ele nunca conseguiu ocupar todos os cômodos da casa, isso o entristecia e para completar o desapontamento do velho português, um de seus filhos se suicidou pulando do alto da casa.
        Para o comerciante, o “conto” acabou quando, no lugar em que ele construiu, seu filho faleceu. Após esse episódio, a casa foi alugada para um empresário, Paulo de Tarso, que instalou no local a Boate Portuguesa, em seguida a casa foi sede da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) e em anos de existência, também foi utilizada como cortiço, oficina e estacionamento. O casarão localizado na Avenida João Pessoa, Bairro Damas já foi cartão postal da cidade de Fortaleza e recentemente foi tombado como patrimônio histórico pela Fundação de Cultura, Esporte e Turismo (Funcet) que o deixa protegido de qualquer reforma que modifique seu aspecto.
        Há quem diga que a casa tem a aparência de um navio, é comum que se escute isso das pessoas que conhecem o lugar. A Vila Santo Antônio é uma construção de três andares, duas rampas laterais que davam acesso aos automóveis para os últimos andares e grades de ferro que a cercam. Hoje sua aparência está um tanto decadente, muitas pichações, as grandes janelas de vidros estão quebradas, os portões enferrujados e a pintura consumida, porém apesar de estar fora dos padrões de organização e beleza, a casa nos transmite a história de um passado cheio de glamour, onde uma única família construiu o seu enorme lar para o próprio deleite e, assim, deu início a uma realidade de constante transformação.
Atualmente o lugar erguido por um homem sonhador, tem sido o lar de várias famílias. Com simplicidade levam uma vida tranquila dentro do mesmo ambiente, que acabou por se tornar uma espécie de ‘condomínio’, com espaço abundante para trabalho (doméstico), esporte e lazer.  
Existem crianças correndo por todos os lados, enfeitando e lançando alegria pelos corredores marcados pelo tempo. Os traços dos lares que hoje estão no casarão são expostos através dos varais espalhados, da inocência do futebol entre amigos vizinhos, das conversas entre as donas de casa e do semblante de felicidade e satisfação expresso pelos moradores do lugar que, apesar de antigo e fora do padrão, traz paz para as famílias que lá fazem morada.


Edifício Edson Ramalho: primeiro prédio tombado do Ceará


Prédio histórico - Tombado!

Repórter: Julyta Albuquerque
     Fundado em 1927, o Edifício Edson Ramalho, prédio-sede da Secretaria da Fazenda - SEFAZ, é histórico e acumula, em suas pomposas instalações, histórias da Província do Ceará.

      Foi o primeiro prédio a ser tombado na “Terra da Luz” (1982), pelo excelentíssimo Senhor Governador Cel. Virgílio Távora. Inaugurado durante a administração do então prefeito Moreira da Rocha, o prédio, preserva, até hoje, sua estrutura original.

  Localizado no cruzamento das avenidas Alberto Nepomuceno e Pessoa Anta o prédio, orgulho do povo cearense, é, ainda hoje, sede da Secretaria e funciona normalmente.
Por lá circulam milhares de pessoas; a grande maioria indiferentes aquela construção monumental.

        A solenidade de inauguração do Edifício Edson Ramalho, contou com a participação do Presidente do Ceará, Desembargador Moreira da Rocha, autoridades eclesiásticas e do alto escalão militar. 

          Para abrigar uma das mais antigas instituições públicas do nosso Estado (174 anos), a antiga Thesouraria Provincial, os líderes da Província não pouparam esforços: com influência do Renascimento Veneziano, o prédio tem dois acessos (principal e lateral); a entrada principal tem linhas barrocas, possui um belíssima escada de madeira, iluminada por amplo e colorido vitral. 

       Projetado por José Gonçalves da justa, o Edifício é considerado um dos mais belos conjuntos arquitetônico do Ceará. 

Isabel Cristina Maia Pires - Auditora
fiscal da Secretaria da Fazenda 
       Isabel Cristina Maia Pires, formada em Administração de Empresas, é Auditora Fiscal da Fazenda. Durante 5 anos trabalhou no prédio-sede da Secretaria. Sobre a experiência única, Isabel diz que “trabalhar num dos poucos prédios históricos remanescentes numa cidade de memória devastada, cenário onde a história e a economia do Ceará estão conjugados, é motivo de grande alegria.”      

Para a Auditora esses laços afetivos com o Edifício Edson Ramalho, são antigos. “Desde criança o prédio me desperta fascínio pela sua “imponência”, os seus arabescos, as figuras dos leões entalhados em suas paredes externas, a torre. Achava que era um castelo de fadas. Mais tarde soube que não se tratava de uma castelo, mas que era ali onde as pessoas trabalhavam para  gerar dinheiro para os serviços do Estado. Achei muito poético e desejei fazer um dia aquele trabalho, que achei tão nobre.  Na idade adulta, por ironia do destino, vim juntar-me àqueles arrecadadores que tanto admirei no passado. O prédio ficou no meu imaginário afetivo como o símbolo da arquitetura de uma cidade que à seu modo viveu a sua Belle Époque, mas que sucumbiu à devastação imobiliária.

Saiba! Histórias do Ceará! 

Antigamente as arrecadações das províncias eram feitas por repartições que eram denominadas Almoxarifado e que enviavam para a junta de fazenda da sede, em nosso caso, Pernambuco, os dados da arrecadação. Passou a chamar-se, em seguida, Provedoria, mas continuava subordinado à Junta. 
No dia 24 de janeiro de 1799 foi criada a Junta da Fazenda do Ceará, diretamente subordinada ao Real Erário. Em 1831 todas as Juntas foram extintas e surgiram as Tesourarias; posteriormente as tesourarias estaduais passaram a Inspetorias. 
Em 1891 surgiu a Secretaria dos Negócios da Fazenda, dividida em vários setores como o Tesouro, a Recebedoria, a Contadoria, a Procuradoria e o Departamento de Estatística, além do Gabinete do Secretário. Somente em 1905 entrou em vigor a Secretaria da Fazenda. A antiga sede da Secretaria ficava na Avenida Sena Madureira (hoje Alberto Nepomuceno), no local onde foi o Fórum Clóvis Beviláqua recentemente implodido. O atual prédio, na mesma avenida esquina com Rua Adolfo Caminha foi projetado e iniciada sua construção em 1924, sendo terminado e Inaugurado em 27 de novembro de 1927. 

Fonte: http://www.ceara.pro.br/ 

Serviço!

O prédio é aberto a visitação de 2ª a 6ª, das 8h30 às 18h30h.